30 de mai. de 2011

"Minhas Tardes com Margueritte" e o paradoxo do conhecimento

Esse fim de semana estreou o filme “Minhas Tardes com Margueritte”, um filme que muito mais que uma lição de vida, coloca uma discussão interessante que pode passar desapercebido aos olhos de quem assiste apenas como um passa tempo.

Minhas Tardes com Margueritte” é sutil: Conta a história de um homem aparentemente ignorante de mais ou menos 50 anos que “aprende”, depois de mais velho, a apreciar o conhecimento e a leitura, e o significado de algumas palavras como amor, respeito, generosidade, depois que conhece uma senhora, Margueritte, nos seus 90 anos e que desperta nele algo que ele não conhecia sobre ele mesmo.

À medida que vai se interessando mais pela leitura e pelo significado das coisas, ao mesmo tempo em que sente feliz por estar adquirindo conhecimento, se depara com algo desconhecido por ele até então que é a percepção da dificuldade de alcançar a felicidade, o que acaba nos levando sempre à decepção, já que muita reflexão leva ao conhecimento de que ser inteiramente feliz é impossível, pois quanto mais sabemos sobre as coisas, sabemos o quanto falta para que as coisas sejam do jeito que elas deveriam ser. Essa reflexão aparece caracterizada claramente em um momento em que depois de ganhar um dicionário de Margueritte, Germain (Gérard Depardieu) se incomoda com o significado das palavras que procura, discorda de grande parte das definições nele escritas e devolve o presente para a senhora.

A felicidade completa só se dá aqueles que sabem aproveitar agora os frutos colhidos do seu trabalho, e os frutos no caso de Germain são literalmente frutos: são tomates. Trabalha num vilarejo onde os vende e os cultiva, conhece todos da região, e até conhecer Margueritte e a lição de vida que ela lhe passa, acredita que vive completamente feliz, sem se importar com valores como o amor da sua mãe, e a superação de seus traumas de infância, e indo um pouco mais a fundo, a relação de cuidado que tem com sua plantação de tomates igualado ao cuidado que tem com sua mãe, a qual ele aparentemente não liga muito até começar a ficar mais reflexivo.

Minhas Tardes com Margueritte” pode tratar desse assunto de modo quase imperceptível a quem não realmente para pra pensar em pontos chaves como esse. “Minhas Tardes com Margueritte” ressalta as inquietações e contradições de ser um ser humano.



Minhas Tardes com Margueritte” está em cartaz em São Paulo e Rio de Janeiro, confira salas e sessões aqui.

Nenhum comentário: