28 de out. de 2011

Aleksander Sokurov e o poder - uma perspectiva sobre Fausto


Encerra-se a tetralogia sobre poder de Aleksander Sokurov. Após Moloch (1999), O Touro (2000) e O Sol (2004), apresentando respectivamente Hitler, Lênin e o Imperador Hirohito, agora é a vez do diretor encarar com um ponto de vista muito peculiar a relação do homem com o que existe de mais sombrio dentro de si. O engate da produção foi o clássico Fausto, renomada obra de Goethe, publicada em 1806, tratando-se então da lenda popular alemã sobre o pacto com o demônio. Neste contexto, o poema épico narra a trajetória do Dr. Fausto, um cientista que, incapaz de acreditar no conhecimento de seu tempo, é levado a pactuar com Mefistófeles, um demônio que o enche de energia e paixão pela técnica e progresso. 

A partir disso, a visão de um Fausto moderno, feita por Sokurov, carrega elementos facilmente relacionados aos jogos de poder da vida cotidiana. Assim como os outros filmes integrantes da tetralogia, Fausto faz parte de um ciclo que nos remete a ligações facilmente criadas entre os enredos de cada uma de suas obras; os filmes são entrelaçados por apenas um pequeno fio, o das relações de poder.

As gravações de Fausto aconteceram na República Tcheca e Islândia, tendo pós-produção na Rússia. Segundo o diretor, levou 30 anos para que pudesse amadurecer a ideia da adaptação de Fausto no cinema. E exatamente esta ideia o levou a interpretar um Fausto genuinamente alemão, no idioma original e utilizando-se de um elenco nacional. 

A grandiosidade da obra, uma das mais esperadas na 35ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, vencedora do Leão de Ouro no Festival de Veneza, mostra como Aleksander Sokurov, aclamado por filmes como Arca Russa (2002), continua intrigando seus espectadores com obras visionárias, verdadeiras imagens de uma mente peculiar, em um país como a Rússia, que, novamente, desperta para o cinema mundial.

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