19 de dez. de 2011

Uma das grandes apostas do Oscar, A Separação mostra o lado obscuro das famílias atuais

A Separação, filme indicado ao Globo de Ouro 2012, conta uma história que engloba temas diversos, todos, porém, muito difíceis de ser abordados. O diretor iraniano  Asghar Farhadi consegue mostrar neste longa o conflito familiar por uma perspectiva completamente diferente da que seus espectadores poderiam esperar em relação a realidade iraniana. 
A separação de Nader e Simin é apenas um pretexto para evidenciar os reais motivos pelos quais uma família decide seguir rumos diferentes. Enquanto Simin (Leila Hatami) deseja sair do país para dar melhores condições à filha, Nader (Peyman Moaadi) se sente obrigado a cuidar do pai, portador da doença de Alzheimer em estado crítico. Este conflito se acentua com a presença de uma jovem, contratada para cuidar do pai senil e da adolescente. Quando segredos são descobertos em relação à jovem, as famílias se envolvem em uma disputa jurídica, que se desdobra em valores morais e religiosos, especialmente voltado à realidade iraniana. Pode-se notar, que mesmo com este enfoque, Farhadi consegue ampliar sua visão, englobando as famílias das mais diversas culturas, tanto ocidentais quanto orientais, entrelaçadas pelos problemas de convívio, pelo sofrimento e as diferenças entre gerações. 
Um dos filmes do Oscar, representante iraniano à vaga de Melhor Filme Estrangeiro, é prontamente identificado como uma metáfora à situação do Irã, dividido em relação aos seus rumos, por uma forma de governo já carecida de mudanças, a necessidade de transformar o futuro de uma geração constantemente insatisfeita com o segmento que o país toma. A Separação faz parte de uma safra de filmes iranianos que possibilitam seus espectadores a uma profunda reflexão sobre dois universos diferentes; o interno, que pauta os conflitos familiares e morais e o externo, que foca especialmente na situação do país, em seus problemas e na necessidade de quebrar vínculos para que, de fato, possam ocorrer transformações efetivas. A separação, a quebra do regulamento familiar interno, a promessa de mudança e o sofrimento que a impede de ocorrer são, juntos, uma esperança para que, aos poucos, possamos notar o enriquecimento de um cinema, mesmo que nos pareça distante, nos une por sua perspectiva, com olhos voltados ao que é pequeno, e o que se torna grandioso. 

Veja o trailer de A Separação (Irã), em breve nos cinemas, com distribuição da Imovision:

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