20 de jan. de 2012

Estreia - A Separação


O vencedor do Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro e grande favorito do Oscar 2012 na mesma categoria, A Separação, digirido por Asghar Farhadi, coloca nas entrelinhas a situação de um país que, para sua sociedade, é uma prova da casualidade de como os seus próprios indivíduos se encabeçam em problemas impostos pela falta de um acordo generalizado, em um país de regras tão rígidas como o Irã, pautando-se então em cada detalhe que se transforma em desafio. 
A Separação é formada por duas histórias que, a priori, são paralelas, porém, com o desenrolar de uma trama peculiarmente elaborada, coloca-se um grande véu que encobre seus personagens e os une em forma serial, com atributos levados a seus extremos a medida em que o enredo se desenvolve. No início, o divórcio de Nader (Peyman Moaadi) e Simin  (Leila Hatami) é colocado em cena e, consequentemente, leva o espectador à posição de juíz, que permanecerá durante todo o filme, no momento em que a trama engloba uma série de conflitos morais a serem julgados. Asghar Farhadi causou o desgosto do governo iraniano, não por um motivo explícito, como pode ser alegado na sentença de seu compatriota Jafar Panahi, mas no modo como aborda uma mensagem, direcionada exclusivamente ao seu público, que forma um grande juri popular. 
Após a cena do divórcio, onde nada é decidido de verdade, entra em cena uma jovem, Razieh (Sareh Bayat), de situação duplamente desagradável: está grávida e seu marido Hodjat (Shahab Hosseini) está desempregado. Conforme as leis iranianas, ela seria proibida de trabalhar para Nader. Nesta realidade, a necessidade da contratação de Razieh se relaciona ao pai de Nader, que sofre com o mal de Alzheimer, dificultando-o a realizar as tarefas mais simples, como se banhar e comer. Em termos religiosos, Razieh sente-se vulnerável às leis do Alcorão apenas de pisar na casa de seu contratante e não são raras as cenas em que a vemos colada ao telefone perguntando o que é certo ou errado para sua religião em termos de cuidados com o idoso. 
O que liga as duas famílias é uma briga judicial causada por um incidente na casa de Nader, que envolve especialmente Razieh. Neste momento, em uma delegacia qualquer, desenrola-se o caso-chave de A Separação; uma briga entre famílias aos padrões orientais, cheia de ameaças, gritos, choro e indignação, além de um impasse judicial que, propositalmente, é garantido por Farhadi para que, até o momento final da produção, chegue-se a uma conclusão individual, sendo que cada um de seus espectadores tome as dianteiras do que é correto ou não. Em A Separação, não existem certos e nem errados, apenas o julgamento de cada um, certamente, cabendo à moral de todos julgar ou ser julgado, apenas para não haver qualquer peso na consciência dos demais. 

A Separação tem distribuição da Imovision e estreia dia 20/01 no país, confira o trailer: 

Nenhum comentário: